domingo, 7 de dezembro de 2008

Brincadeira de flores e olores - dança a menina po'entre os temores

Esteve a pensar nas flores, nas Margaridas.
Sentiu flamejar olores, bem quistos os das Orquídeas.
E foi passear com as Zínias, Lírios e Hibiscos.
Olvidando da vida, da existência, em meio à Tulipas.

Passeia solta, colorida.
Como se quisesse afugentar os males - esvair os sustentáculos!
Aprecia a forma melancólica e distorcida,
Das violetas das Gérberas, dos Antúrios das colinas.

Exala flor do campo,
Do Maracujá rouba o prazer.
Diverte-se com a Astroméia;
E a Chuva-de-prata faz florescer.

Vive solta, banha-se em lasciviosos deleites:
-Ah! Meu desejado Copo-de-leite!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A menina e o lago

Papéis. Fotos ao melhor estilo amador-polaróide. Grama, gramado, gramíneas e uma menina.
Cabelos longos -como as histórias já vividas-, braços, pernas e pensares brancos, bem brandos [abrandados a pouco, é certo], claros,porém firmes.
Um banquinho -daqueles de praça, usados pelos namorados para tudo de mais romântico- sustentava aquele corpo esguio e esbelto, e aquela alma pesada, de "chumbo e segredo",de pena e pedra, mel e vinagre, afável e acre. Seus pés mexiam insessantemente e insistentemente, numa velocidade pungente e trépida, deleitosa, lasciviosa. Suas mãos, quase finíssimas, tocavam canetas e lápis-de-cor sobre os papéis nada brancos!
Outro banco - deveras maior este, pudera!- acoitava um moço bem grande, forte, ríspido, encaracolado. Nada tinha nas mãos. Ao redor só o cenário o cercava. Era bem quieto o corpo. Pernas grossas e largas, braços brancos, asquerosamente límpidos. Já os pensares... Ai!Chegavam a alucinar! Ritmados, rápidos, rápidos! Não paravam nunquinha. Irritavam-o, mas faziam dele o que era : escritor.
Estranho! Andavam no parque os dois. Cultuavam diariamente o mesmo leito -gramíneo e molhado, quase uma ilha-, o lago; separados pela água branca - azul é reflexo do céu, oras! -, transaparente e limpa, sem gosto, creio eu - como toda água deve ser.
Uma manhã, um mergulho, encontro de corpos. E o que era impecilho virara motivo de anseio.
Gozo, gozo, gozo, e fitar - mais gozo. E a repetição do ato: continuamente...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Falta

Mesmo quando o escuro que te circunda, tentar de ti se apossar;

Mesmo quando a falta de luz - ou a falta de algo - de ti se apoderar;

Mesmo quando o breu sem fim, infinito e tenebroso medo, de ti se aproximar...


Pense que o escuro pode clarear;

A falta – um dia, ou pelo menos por um dia - pode cessar;

E o breu pode te modificar...


Quando aos poucos a solidão te tomar,

E a falta do que te faça feliz insistir em te achar.

Mostre que podes vencer a dor e o medo.

Mostre que podes curar a ti mesmo.

Mostre que podes ficar bem consigo e com quem – ou o que – quiser.