domingo, 22 de janeiro de 2012

- Colorear.

Como se prende alguém sem correntes e sem amarras ? Sem laços efetivos e sem afagos ?
Como se enlaça sentimentos sem corpos e sem taras ? Sem fitas visíveis e sem contato ?

Existem idéias amanhecentes na cabeça da menina. Sóis nascentes de sinapses incrivelmente rápidas. Lapsos. Amarelos alaranjados gritantes de calor e fervura, raios acalentadores e um intenso e pertinente sono matinal.
Não havia dormido naquela madrugada, a Lua roubara-a de si e devolvera apenas inúmeros pensares tolos e tortos, mas não a menina-essência, não aquela captável somente pelo pensamento, não o cheiro, o aroma, o olor.
Movia-se sinuosamente pelos lençóis estampados e inquietantes, conseguia sentir-se parte daquelas tramas de algodão-suor, mas não concentrava-se em nada fixo, senão nas interrogações dançantes coloridamente irritantes.


' You keep me without chains. '

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Azuis e roxos.

A menina pensava incessantemente em como seria um amor 'entre o passado e o destino'.
Em como seria aquele amor pretérito destinado a perpetuar, a perdurar - já que fazia parte da sequência de atos supostamente fatais que desarrolham a vida, que retiram a rolha do vinho vida, do vinho caminho.
E pensava, deleitava-se com as idéias mais tolas e infantis de atemporalidade, de falta de nexo espacial. Desconstruía cores e sabores de diversos amores e amantes, e se divertia frivolamente com todos aqueles agridoces azuis e roxos.
Esvaia-se, desfazia-se, exaltava seu total hedonismo interior , e gozava: de prazeres e incomuns e inconstantes.