sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A menina e o lago

Papéis. Fotos ao melhor estilo amador-polaróide. Grama, gramado, gramíneas e uma menina.
Cabelos longos -como as histórias já vividas-, braços, pernas e pensares brancos, bem brandos [abrandados a pouco, é certo], claros,porém firmes.
Um banquinho -daqueles de praça, usados pelos namorados para tudo de mais romântico- sustentava aquele corpo esguio e esbelto, e aquela alma pesada, de "chumbo e segredo",de pena e pedra, mel e vinagre, afável e acre. Seus pés mexiam insessantemente e insistentemente, numa velocidade pungente e trépida, deleitosa, lasciviosa. Suas mãos, quase finíssimas, tocavam canetas e lápis-de-cor sobre os papéis nada brancos!
Outro banco - deveras maior este, pudera!- acoitava um moço bem grande, forte, ríspido, encaracolado. Nada tinha nas mãos. Ao redor só o cenário o cercava. Era bem quieto o corpo. Pernas grossas e largas, braços brancos, asquerosamente límpidos. Já os pensares... Ai!Chegavam a alucinar! Ritmados, rápidos, rápidos! Não paravam nunquinha. Irritavam-o, mas faziam dele o que era : escritor.
Estranho! Andavam no parque os dois. Cultuavam diariamente o mesmo leito -gramíneo e molhado, quase uma ilha-, o lago; separados pela água branca - azul é reflexo do céu, oras! -, transaparente e limpa, sem gosto, creio eu - como toda água deve ser.
Uma manhã, um mergulho, encontro de corpos. E o que era impecilho virara motivo de anseio.
Gozo, gozo, gozo, e fitar - mais gozo. E a repetição do ato: continuamente...