segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Andando por essa cidade de solares e luares só uma idéia persiste em não sair da cabeça da menina.Passeia pela Antiga,e as cores e formas velhas lembram tardes- quase noites- de passeios infindos e desvairados, onde na cabeça só uma coisa passava.Corre pelos becos e esquinas iguais-incrivelmente iguais- tentando decifrar , ou melhor, ao menos decodificar aquela teia confusa e condensada da mesma idéia a passear. Pelos bares, aqueles do cais,as cervejas rodavam bandejas, geladas e apetitosas,mas não para a menina, que continuava com apenas um pensar, que por essas horas, além de apenas sinapses e impulsos, já tinha virado desejo, tão forte e tão latente que já transformava a aparência e o humor.

Descaradamente andava a procurar, parava em algumas casas, à procura de lembranças vagas,jamais mais fortes que as que repousavam-nesse momento- em sua mente, arrodeava pelos cantos, corria pelas estradas, corria,corria, mas a cabeça não esvaziava, se quer amenizava. Creio que não devo me intrometer , mas acho que a menina descobriu a saudade.

No café que tomava insaciavelmente, cada pedacinho do pó moído entrava na sua garganta como a mais potente droga, mais uma vez os pensamentos e as lembranças que aquele gesto cotidiano a traziam, inebriavam e torpeciam a cabeça, e as pernas da menina.
Que coisa!
(...)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tudo se revela!

Fecha os olhos: cala.
Desliza a mão: perde a calma.
Deixa-se levar: perde a fala.
Afasta-se: e fica sem ALMA!

Rola na cama - e não descansa;
Corre pro banheiro - a perna cansa;
Volta para a sala - e tudo desanda;
Recebe um dengo, e a raiva amansa!

Ouve um som e o coração palpita
Deseja uma boca e o pulsar se agita
Pensa num gosto e a vontade grita.

Ama; e tudo se acomoda!
Quer; e tudo se assossega!
Tem; e tudo se revela!