quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Anjo trapalhão!

O anjo que outrora vagava po'entre as nuvens de algodão,
Decidiu descer do céu, e vir fazer confusão.

Desdobrava-se para tornar realidade,
Amores que além de sonhos, necessitavam de reciprocidade.

Vagou por mentes. Que indecisões!
Procurou o amor, passeou pelos corações!

Tentou fazer com que pessoas opostas, pudessem se gostar,
Deu a elas uma condição maior de amar...

Separou – em frascos – vestígios do puro sangue de um coração desalmado, e deu de presente,
Para alguém de peito dilacerado [cujo tempo, há muito, havia desistido de dar por curado].

Observou cuidadosamente no que daria,
Pensou então, que aquilo, música se tornaria.

Deixou no ar a melodia,
De algo, que com o austero peito mexeria.

E juntou duas almas, em uma só poesia.
E juntou duas almas, em uma só poesia.


Fez versos de paixão...
Fez corpos em canção...

Mudou a expressão,
De um insípido coração.

Ah! Que anjo trapalhão!

Descobriu o
amor,
E inventou a adoração.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Bem além.

E ao tocarem-se os lábios, mais que um beijo há;
Existe amor, desejo, mais que num simples beijar.

Não são só
bocas.
Não são só
línguas.
Não é só
saliva.

São fluidos de amor trocado;
Não são somente ósculos descarados.

É o que fica depois do ato,
É o próprio sentimento encarnado.
É o bel-prazer perpetuado.
A materialização do idealizado.

É o ímpeto do fulgor,
A veleidade expressada sem pudor...

Afinal, pra quê pudor?
O que rege o ser é o amor.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Uma flor.

Não era nada a mais, apenas uma flor.
Mas exalava um odor único, um perfume próprio, possuía uma beleza rara,
suas pétalas brilhavam como a mais fina purpurina, e não existia nela,
nenhum espinho.
Habitava os vales mais sombrios e as mais altas e inatingíveis montanhas.
Era muito rara; achá-la era uma sorte! Seus hábitos eram bem peculiares;
pela manhã perfumava os ventos que por ali passavam, à tarde se fechava e
nada fazia, e à noite mostrava todo seu fulgor e esplendor. Quando vista ao
alvorecer, parecia uma pequena planta murcha; para admirá-la em toda sua
magnitude era necessário esperar a noite chegar, só assim poder-se-ia
admirá-la em total beleza.
Muitos desejavam ver a tal flor tão bela. Os amantes almejavam presentear
suas amadas com esse tão raro e valioso ‘regalo’, mas poucos sabiam que além
de difícil de ser encontrada, ela morreria quando arrancada, perderia
completamente o brilho, e murcharia de tal forma que ninguém a quisesse mais.
Um dia, uma bela dama, que se encantara pela tal flor, decidira fazer-lhe
um pedido; disse-lhe que se ela não murchasse até entregá-la ao seu amado,
trocaria sua beleza pelo simples fato de ver o brilho nos olhos da pessoa
que tanto amava. Arrancou-a então do chão, e notou que nada havia acontecido,
seu brilho permanecia intacto, parecia que ainda estava plantada. Caminhou
então em direção ao seu lar, com o intuito de ver amor nos olhos do seu bem
querer. Quando enfim conseguiu mostrar e tão esplêndida flor ao seu amor, ele
simplesmente encantou-se de tal forma que largara sua mulher para cuidar e
admirar aquela espécie tão radiante e bela - que futuramente, levou-o a loucura.
Cumprindo-se então o acordo, a dama ficara insípida, perdera toda sua
beleza, e também todo o amor que existira em seu coração. Indignada com a
situação em que ficara, decidira seguir seu caminho, sem pensar em vinganças
ou similares.
Continuou a viver simplesmente, em seu lar. Mas como não possuía filhos, nem
nada que lhe prendesse naquele local, optou então por andar errante pelo
mundo; sem destino certo, sem rumo; seguindo apenas seus instintos, e com
uma motivação única: encontrar-se novamente com uma flor daquela que lhe
roubara a felicidade.
Vagou por lugares belos e inacreditavelmente longínquos, procurou em cada
olhar, aquilo que tanto desejava, e nada encontrou. Deparou-se um dia com um
homem de aparência bastante desagradável, cujos olhos, despertaram
imediatamente seus mais profundos sentimentos. Aqueles olhos pareciam que
haviam a conquistado tão encantadoramente, que a dama não parava de
fitá-los. Perguntou então ao ‘moço’, o que fazia ele, naquele local tão
inusitado; ele então respondera que estava sem destino, e buscava algo que
não a podia informar.
Seguiram juntos, naquela jornada sem fim. Já desacreditados do que tentavam
incansavelmente encontrar; decidiram parar um pouco, pedir abrigo em algum
lugarejo próximo, descansar, e após, seguir seus rumos, um para cada lado.
Provavelmente nunca mais se veriam, mas se o destino assim quisesse, não
havia nada o que se fazer.
Andaram alguns passos além, e tiveram uma visão magnânima, à frente
avistaram, algo que brilhava mais que uma estrela do céu, e que evolava um
aroma doce e encantador. Os dois se olharam rapidamente, e entre eles houve
uma bela surpresa: a dama recuperara toda sua formosura, e o homem tornou-se
muito belo.Algo muito mágico havia ali acontecido; mas tudo estava tão
delicadamente encantador, que ambos nem podiam se conter de tanta felicidade.
Partiram então em direção a flor, se entre olharam novamente e seguiram de
mãos dadas. Ao ficarem cara-a-cara com aquela beleza toda, ofuscante e
encantadoramente bela, sorriram um para o outro, e tudo parecia mais mágico
do que qualquer coisa vivida por eles anteriormente. A lua brilhava no céu,
cintilante e arredondada, não era cheia ainda, mas iluminava aquela bela
paisagem que tocaria o coração que qualquer vivente que observasse.
A flor então se abriu completamente, mostrando uma cor rósea forte e
cintilante, indescritivelmente sublime, que apaixonou ainda mais aquele
casal tão afável; e logo após alguns segundos, se fechou e morreu.
Ninguém jamais vira novamente tal beleza, nem tal flor. Muitos até hoje
procuram encontrar o esplendor inigualável de tão rara espécie. Mas o fato é
que nunca mais se achou nenhum exemplar, exceto nos olhos do casal, que
quando morreram, juntos, possuíam na pupila uma imagem de brilho
perceptivelmente belo, cujas descrições se assemelhavam as que a dama
deixara escrita antes de morrer.
Em homenagem à essa dama, deram a rosa o nome de Luísa, aquela que superou
tudo e viveu feliz; a única que teve a dádiva de ver tal FLOR.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Que para mim basta!

São estilhaços que estraçalham meu corpo por completo.

São vestígios do imaterial, intocável e inconcreto.

A alma que dilacera o peito infinitamente pálido.


São meus pusilânimes e pungentes anseios de afago.

São meus cautelosos pudores que não me deixam chegar ao âmago.

Em uma busca desenxabida por algo mais cortês e menos fático.


E que busca esta,

Que me leva, que me afasta;

Da realidade – que para mim basta!

Que só machuca e desgasta.


Ó vida ingrata.

Petrificada.

Mal-gasta.

E desalmada.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Volveu

Mas é que lá no céu, uma estrela brilhou diferente.
Mostrou-se aos amantes, mesmo que inconsciente.
Teimou em brilhar. Fez-me contente!

Foi só por um instante,
E tudo ficou tão inconstante.
Mudou-se aquele olhar distante;
Agora vê-se um sorriso ofuscante.

E tudo volveu aquele momento;
Onde tudo que se via, não era nada senão sentimento.
Tudo de estático passou a movimento.
E o que era conformidade, virou contentamento.

E a estrela que brilhava no âmbito celeste,
Pulou de lá, e veio se alojar em quatro pupilas.
Mas que lugar impróprio este!
Não passaria - para meros humanos – de perfeitas armadilhas?

#/ /SV



:)




segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Fostes meu .

Mal chegara o outono, e tu já chegaras em mim.

Mal caíra a noite, e tu já caíras em minhas graças.

Mal se colocou a lua-em sua posição de destaque- e tu já te colocastes em posição interna ao meu peito austero.

Mal soprou o vento-forte e onisciente, senhor de todos os destinos- e tu já soprastes teus melódicos e cândidos pensamentos em meu interior[até então vazio].

Mal fizeram-se os versos-ah!os versos,que me encantam e distraem- e tu já te fizestes em mim, como um metal que gravou onomásticas formas na pele crua.

Mal se foi o dia-por vezes enfadonho, por vezes exasperante, e bem raras vezes aprazível- e tu já te fostes meu.