sábado, 8 de dezembro de 2007

Uma flor.

Não era nada a mais, apenas uma flor.
Mas exalava um odor único, um perfume próprio, possuía uma beleza rara,
suas pétalas brilhavam como a mais fina purpurina, e não existia nela,
nenhum espinho.
Habitava os vales mais sombrios e as mais altas e inatingíveis montanhas.
Era muito rara; achá-la era uma sorte! Seus hábitos eram bem peculiares;
pela manhã perfumava os ventos que por ali passavam, à tarde se fechava e
nada fazia, e à noite mostrava todo seu fulgor e esplendor. Quando vista ao
alvorecer, parecia uma pequena planta murcha; para admirá-la em toda sua
magnitude era necessário esperar a noite chegar, só assim poder-se-ia
admirá-la em total beleza.
Muitos desejavam ver a tal flor tão bela. Os amantes almejavam presentear
suas amadas com esse tão raro e valioso ‘regalo’, mas poucos sabiam que além
de difícil de ser encontrada, ela morreria quando arrancada, perderia
completamente o brilho, e murcharia de tal forma que ninguém a quisesse mais.
Um dia, uma bela dama, que se encantara pela tal flor, decidira fazer-lhe
um pedido; disse-lhe que se ela não murchasse até entregá-la ao seu amado,
trocaria sua beleza pelo simples fato de ver o brilho nos olhos da pessoa
que tanto amava. Arrancou-a então do chão, e notou que nada havia acontecido,
seu brilho permanecia intacto, parecia que ainda estava plantada. Caminhou
então em direção ao seu lar, com o intuito de ver amor nos olhos do seu bem
querer. Quando enfim conseguiu mostrar e tão esplêndida flor ao seu amor, ele
simplesmente encantou-se de tal forma que largara sua mulher para cuidar e
admirar aquela espécie tão radiante e bela - que futuramente, levou-o a loucura.
Cumprindo-se então o acordo, a dama ficara insípida, perdera toda sua
beleza, e também todo o amor que existira em seu coração. Indignada com a
situação em que ficara, decidira seguir seu caminho, sem pensar em vinganças
ou similares.
Continuou a viver simplesmente, em seu lar. Mas como não possuía filhos, nem
nada que lhe prendesse naquele local, optou então por andar errante pelo
mundo; sem destino certo, sem rumo; seguindo apenas seus instintos, e com
uma motivação única: encontrar-se novamente com uma flor daquela que lhe
roubara a felicidade.
Vagou por lugares belos e inacreditavelmente longínquos, procurou em cada
olhar, aquilo que tanto desejava, e nada encontrou. Deparou-se um dia com um
homem de aparência bastante desagradável, cujos olhos, despertaram
imediatamente seus mais profundos sentimentos. Aqueles olhos pareciam que
haviam a conquistado tão encantadoramente, que a dama não parava de
fitá-los. Perguntou então ao ‘moço’, o que fazia ele, naquele local tão
inusitado; ele então respondera que estava sem destino, e buscava algo que
não a podia informar.
Seguiram juntos, naquela jornada sem fim. Já desacreditados do que tentavam
incansavelmente encontrar; decidiram parar um pouco, pedir abrigo em algum
lugarejo próximo, descansar, e após, seguir seus rumos, um para cada lado.
Provavelmente nunca mais se veriam, mas se o destino assim quisesse, não
havia nada o que se fazer.
Andaram alguns passos além, e tiveram uma visão magnânima, à frente
avistaram, algo que brilhava mais que uma estrela do céu, e que evolava um
aroma doce e encantador. Os dois se olharam rapidamente, e entre eles houve
uma bela surpresa: a dama recuperara toda sua formosura, e o homem tornou-se
muito belo.Algo muito mágico havia ali acontecido; mas tudo estava tão
delicadamente encantador, que ambos nem podiam se conter de tanta felicidade.
Partiram então em direção a flor, se entre olharam novamente e seguiram de
mãos dadas. Ao ficarem cara-a-cara com aquela beleza toda, ofuscante e
encantadoramente bela, sorriram um para o outro, e tudo parecia mais mágico
do que qualquer coisa vivida por eles anteriormente. A lua brilhava no céu,
cintilante e arredondada, não era cheia ainda, mas iluminava aquela bela
paisagem que tocaria o coração que qualquer vivente que observasse.
A flor então se abriu completamente, mostrando uma cor rósea forte e
cintilante, indescritivelmente sublime, que apaixonou ainda mais aquele
casal tão afável; e logo após alguns segundos, se fechou e morreu.
Ninguém jamais vira novamente tal beleza, nem tal flor. Muitos até hoje
procuram encontrar o esplendor inigualável de tão rara espécie. Mas o fato é
que nunca mais se achou nenhum exemplar, exceto nos olhos do casal, que
quando morreram, juntos, possuíam na pupila uma imagem de brilho
perceptivelmente belo, cujas descrições se assemelhavam as que a dama
deixara escrita antes de morrer.
Em homenagem à essa dama, deram a rosa o nome de Luísa, aquela que superou
tudo e viveu feliz; a única que teve a dádiva de ver tal FLOR.

4 comentários:

Clarissa Santos disse...

Era apenas uma flor,
e mudou o rumo de vidas.
Imagina os olhares infidos o que não mudarão.

:D

Anônimo disse...

Metáfora interessante e intrigante, principalmente à uma mente tão vã quanto aos significativos humanos.
Sobre Luísa, incute mesmo na cabeça de quem lê uma dúvida estarrecedora. Pudesse, talvez, ser alguma homenagem ou algo semelhante.
BBom saber que estás escrevendo, desculpe-me qualquer dissabor em relação às minha modestas palavras.

=@@@@@@@@~~
Abração.

Karlinha disse...

Minha interpretacao pode nao ser a mais correta, mas pareceu suficiente para mim...

Quando amamos alguem, dedicamos todo o nosso amor - como depositada em uma rosa... Mas nem sempre a pessoa a quem damos tal presente sabe identificar o real significado...

Quando um coracao torna-se marcado pela dor do amor nao correspondido, eh como se ele perdesse a graca do mundo, como se nada mais fosse importar, e ele acaba, aos poucos e talvez sem perceber, se destruindo...

Porem, quando um coracao sofrido encontra-se com outro, mesmo que naquele instante do encontro nao percebam, uma magica parece acontecer...

A uniao de dois coracoes partidos torna-se um soh coracao inteiro. E nada no mundo poderah tirar a felicidade que entao surgiu.

Coracoes partidos no mundo existem a torto e a direito... E talvez passemos nossas vidas atras da metade que complemente a nossa...


Espero sinceramente que ache a sua!

[Desculpe por escrever desse jeito, mas estou sem acentos -.-']

[Pode nao ser a interpretacao certa, mas serviu para mim ^^]

Te amo

Unknown disse...

Perfeitoooooooooooooooooooo!!!!!!!Adorei mais um texto seu.