A menina passou agora a divagar sobre o vento e sobre o
ventar. Passa como quem arqueia flechas, contrária àquele vento-menino que por
tanto já ventou em si. Respira um vento Oyá e carrega-se de força e vida.
Ah! O vento! Não há sensação melhor - ou há, mas agora, em
sua mente, não - do que ser tocada pelo vento. O vento que afaga, arrepia e
amarga. Até seu amargor é doce. O vento que ouriça e que desalinha os cabelos,
mas não só eles. O vento que mais ventou naquele aberto Abril, mesmo a
contragosto, no fogo que era a menina. Mas o mesmo vento que apaga é o que
atiça, e o vento que acalma é o que desapodera. Porque o vento o é,
desassossego e calma.
E se pergunta - incrédula, mesmo antevendo o que se passa em
redemoinhos ventados por seu infindo pensar - quem pode segurar um vento?